Psicologa Maida - Colaboradora do Clube Síndico Profissional de Vitória |
Texto de Maida Correa
Desde cedo em nossa
vida, aprendemos a nos relacionar através dos afagos de nossos pais e pelos
contatos afetivos com as outras pessoas. Assim, fomos criando vínculos e
estabelecendo formas de convivência humana. Estas formas foram se materializando
e se tornando visíveis em nossas atitudes comportamentais.
Todos nós trazemos, na
memória de nossas células, a sensação prazerosa da primeira vez que o pai olhou
para a mãe, sentiu-se atraído e se enamorou. O contato de ambos, nesse momento
mágico, foi o que sinalizou que poderia haver uma possibilidade de nós sermos a
pessoa que somos. Tudo acontece através de um bom ou um mau relacionamento
interpessoal. Dessa inter-relação estabeleceu-se um registro que definirá com mais
ou menos intensidade o tipo de relacionamento que teremos no decorrer da vida. Que
pessoa humana nos tornamos? Que tipo de relacionamento humano cultivamos hoje?
Assim, cada indivíduo,
durante a vida, foi aprendendo e descobrindo como conviver e interagir em
coletividade. Esse aprendizado inicio-se através da relação mãe x pai, mãe x
filho, pai x filho, irmão x irmão e ambiente pessoal x sociedade. Projetamos, no ambiente condominial,
o que aprendemos pelas experiências de nosso passado. Trazemos a herança de
nosso homem primitivo, quando saia para caçar e buscava o alimento de
subsistência da sua família. Contra as ameaças encontradas em seu ambiente,
desenvolveu um impulso de autodefesa: ataco ou fujo.
Assim, esse impulso é
acionado quando nos deparamos com situações que nos remetem a esse passado de
luta ou fuga, ou agredimos e fugimos, ou encaramos as obrigações. Ou seja, qual
será o nosso comportamento quando recebemos uma advertência ou uma multa por
estar inadimplente ou por outros atos irregulares que cometemos? Se atacarmos,
vamos gerar um conflito; se fugirmos, poderemos receber outra punição mais
séria.
Nossos atos devem ser analisados para que possamos buscar ações mais
assertivas no dia-a-dia.
Essas experiências relacionais,
no decorrer da vida, foram sulcando moldes de expressão, positivos ou negativos.
Que bagagem trazemos dessas experiências?
Quais as ferramentas internas que impulsionam tais condutas que levam
uma pessoa a desconsiderar as leis de bom convívio em coletividade? Que ferramentas
internas são essas que fazem com que uma pessoa seja cordial, educada e respeitosa? A vida em condomínio é uma vida de intensa
comunicação entre as pessoas que ali residem. Devemos aprender a discernir entre essa
diversidade de formas de agir. Somos seres programados que sofremos influências
familiares, sociais, culturais e genéticas que, por vezes, nos levam ou a um
comportamento de tensão, angústia, ansiedade, vivendo em conflito permanente,
ou a ser uma pessoa feliz e motivada para a vida.
Das experiências de vida
que possuímos, damos significado a cada nova experiência. Esses significados
possuem uma carga emocional que, quando acionada, se transforma em uma ação que
pode ser boa ou má. É um grande desafio discernir entre a boa e a má ação e buscar
recursos internos para transformar o ruim em bom. Assim, com certeza, vamos
buscar uma comunicação de qualidade. É pelo esforço diário que cada pessoa pode
discernir entre a boa e a má atitude. É pela via do bom relacionamento
interpessoal que vamos acionar o que temos de melhor dentro de nós para viver
em harmonia num espaço condominial.
Cada pessoa deve
reconhecer seus limites e o limite do outro para alcançar respostas positivas frente à vida em coletividade. O
trabalho de autoconhecimento deve ser contínuo. Somos equipados com a função do
intelecto que permite ter a clareza de olhar para si mesmo e se perguntar: quais
são minhas ações diárias que me possibilitam buscar uma relação harmônica em
coletividade?
O trabalho de mudança para
um melhor convívio em condomínio deve vir pautado de ações diárias de respeito
pelo outro e pelo reconhecimento do que o outro tem de bom para nos ensinar.
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